Paulo Gilberto Jorge Fadel. | Um consultório básico de Oftalmologia é constituído pelos seguintes equipa mentos: refrator, lâmpada de fenda, tonômetro de contato, retinoscópio, oftalmoscópio (direto e indireto), ceratômetro, coluna para suporte de refrator, mesas para equipamentos, projetor; lensômetro. Vamos analisar o custo de cada equipamento. O refrator tem preços que variam de US$ 3.500,00 a US$ 7.000,00. Deve ser de boa marca, pois é um equipamento indispensável, durável, seguro e exige pouca manutenção. É um bom investimento. |
A lâmpada de fenda tem preços que variam de US$ 5.000,00 a US$ 22.000,00. Deve-se comprar de boa marca, pois também é um equipamento durável, seguro, com pouca manutenção e indispensável. O tonômetro de contato custa US$ 900,00 e deve ser acoplado à lâmpada de fenda, ser confiável e também é indispensável. O retinoscópio custa, em média, US$ 400,00. Tem um tempo de vida médio, é susceptível a problemas. Portanto, é melhor ter mais de um como reserva. O oftalmoscópio direto custa US$ 350,00 e o indireto, US$ 1.800,00. Também têm tempo de vida médio e são susceptíveis a problemas. Deve-se ter um oftalmoscópio direto como reserva. O ceratômetro custa US$ 1.500,00. É um equipamento que está sumindo do mercado, pois está sendo substituído pelos autoceratômetros e topógrafos de córnea. Algumas marcas existentes são duvidosas quanto à qualidade e precisão. As colunas para suporte de refratores custam de US$ 1.500,00 a US$ 5.500,00. Normalmente exigem pouca manutenção, quando de boa marca. Podem ou não ser acopladas com cadeira. As mesas motorizadas para equipamentos custam, em média, US$ 250,00 cada. Existem boas marcas que requerem pouca manutenção. Os projetores podem ser manuais (US$ 200,00) ou automáticos (US$ 3.000,00). A tabela para projeção custa US$ 50,00. Os lensômetros podem ser manuais (US$ 1.200,00) ou automáticos (US$ 5.000,00). Normalmente são equipamentos duráveis. Somando-se todos os preços pelo menor valor dos dez itens acima, temos o valor total de US$ 17.700,00 para um consultório básico de Oftalmologia. Não foram consideradas lentes para gonioscopia, tabelas para daltonismo, lentes para exames de retina e material de apoio a exames de uma forma geral. Como é um investimento considerável, julgamos oportuno fazer as seguintes considerações aos colegas que pretendem seguir por este caminho: § só compre o equipamento quando estiverem definidos o local e a data de abertura do consultório; § quanto aos fornecedores, vale a pena alguns lembretes: peça informações aos colegas sobre os mesmos, procure empresas confiáveis e que tenham manutenção própria (manutenção terceirizada é sinal de problemas), fuja daqueles que só sabem vender, jamais pague todo o valor antecipado antes de receber o equipamento e na dúvida, não compre; § com o crescimento do consultório, pode ser interessante ter um auto-refrator/autoceratômetro que custa US$ 18.000,00, um tonômetro de não-contato (US$ 11.000,00) e um lensômetro automático (US$ 5.000,00). Somando-se os três equipamentos (US$ 34.000,00) ao preço do consultório básico (US$ 17.700,00), o custo básico total de um consultório oftalmológico moderno sobe para US$ 51.700,00; § é importante comprar somente aquilo que efetivamente for para uso freqüente e necessário. Não se deve investir em tecnologia em decadência; § aparelhos para exames complementares como topógrafo, paquímetro, biômetro, ecógrafo, campímetro, angiógrafo, YAG, argônio etc., só devem ser adquiridos se o consultório tiver movimento que justifique o investimento. Deve-se adquirir equipamentos que dão retorno na área de atuação e deve-se procurar ajuda de contadores para a realização de projeções sobre a quantidade de exames/vida útil/depreciação do equipamento. Não deve ser esquecido que, atualmente, a vida útil de equipamentos para diagnose é de três anos, em média. Na dúvida, utilize serviços de exames complementares. Nunca deve ser esquecido que o custo do equipamento é em dólar (US$) e o benefício é em real (R$); § cuidado com investimentos superdimensionados, pois dão pouco retorno, provocando endividamento. O oftalmologista não vende mercadoria e a falta de visão estratégica e de mercado leva muitos médicos a aceitarem preços aviltantes em conseqüência do superdimensionamento do investimento.
Em resumo, o oftalmologista deve comprar somente o que realmente for utilizar, fazer projeções de crescimento com os equipamentos disponíveis, observar e analisar o mercado e a concorrência de uma maneira realista, buscar alternativas e parcerias quando investimentos adicionais forem imprescindíveis e, principalmente, procurar crescer de maneira organizada e sustentável. O mundo de hoje não tem espaço para amadores. (*) Paulo Gilberto Jorge Fadel é presidente da Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia |